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A Aula

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Naquela quarta-feira cheguei em casa mais cedo do que o normal; não tão cedo quanto poderia, mas mais cedo do que meu marido esperava. Quando entrei na sala, ele mal me notou: olhos vidrados na televisão, assistindo seu futebol. Duas ou três latas de cerveja na mesinha ao lado do sofá, no qual estava estirado de camiseta velha e shorts de pijama: nada sensual, nem provocativo: uma cena normal na minha casa. Confesso que não prestei atenção a esses detalhes e me dirigi a ele, com meu olhos na direção de seu shorts. Ele continuou olhando o jogo, enquanto me ajoelhei em frente dele, na altura de sua cintura, abaixei seu shorts e comecei a acariciar seu membro até ficar duro em minhas mãos e em minha boca. Nem sequer olhei para os olhos dele enquanto fazia isso, nem quando me levantei e sentei nele. Eu estava usando vestido leve e curto, sem calcinha, e tenho certeza que ele não prestou atenção neste detalhe, nem mesmo que cavalgava de olhos fechados, cabeça inclinada para trás, uma mão

Poesia no Corpo

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Quando aceitei a brincadeira não imaginei que iria tão longe. Ele me conduziu até seu escritório, colocou um banco alto próximo à sua escrivaninha, e começou a se preparar. De uma gaveta, um pequeno pote de tinta preta, nanquim. Também pegou um tecido que parecia ter sido branco, mas estava manchado com várias marcas de tinta. De outra gaveta tirou uma pena. Era uma pena vermelha, de um vermelho forte, quase vinho. Como um cirurgião, ele preparou seu equipamento, com calma e precisão. Enquanto abria o pote de tinta, seus olhos não saíram dos meus. Pousou o pote no ponto exato, onde ele devia estar. Ao lado, desdobrou o pano e colocou a pena sobre ele. Antes de começar, ele saiu do escritório. Voltou pouco tempo depois com uma taça de vinho e me entregou, a anestesia da cirurgia, creio. Pegou minha mão esquerda e a apoiou na sua. Com movimentos precisos e calmos, com uma só mão, ele pegou a pena, molhou na tinta, limpou o excesso, e começou. Senti o primeiro toque da ponta pena n

Mariana

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Eu faço tudo para agradar um homem. Sim, eu faço. Ele nunca confessou, mas era visível como ele a admirava. Sempre que ela vinha me visitar, ele se alterava. E não era pra menos. Ela era linda. Morena baixa, olhos negros brilhantes. Diferente de mim, ela era miúda. Não tinha os seios e a bunda volumosos como os meus, mas era do tipo falsa magra, charmosa e cheia de dengo. Típica capricorniana sedutora, desde o modo de andar. E eu, leonina fogo, desejo à flor da pele, Não via nenhum risco nela Nenhuma possibilidade de perder meu homem, Escorpiano tarado, achava que meu fogo era pouco. Mas não era. Não falava nada, não reclamava, mas ele nunca me queimara totalmente. Sempre sobrava fogo pra ser apagado com as mãos, no chuveiro Enquanto ele dormia, certo de ser o macho ideal. A idéia de ter Mariana junto a nós cresceu na minha imaginação No dia em que ela veio jantar conosco,com um mini vestido preto. Seu corpo pequeno, quase de menina, era só curvas naquela roupa colada. Seu perfume s

Filmagem

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Camera na mão, ela filma. Enquanto os dois se amam, ela é o olho que vê. Testa diferentes ângulos e amplia a visão, Dirige e os deixa à vontade. Experimenta outras posições, deles e dela. De shorts e top ela observa, registra o momento, grava a emoção. O movimento dos corpos à sua frente enche sua cabeça de idéias e vontades. No zoom ela se aproxima. Primeiro nele, depois nela. Seus olhos eletrônicos preferem o corpo e as curvas femininas. Ela de quatro, ele atrás. Do dorso dela, sua lente passa pela pélvis dele, quase completamente escondida atrás dela, e sobe pela sua barriga bem definida, até os músculos de seus ombros. Enquanto filma o corpo dele, sua mão toca o corpo da moça Para melhor posicioná-la para o próximo take. Ela ajeita as costas, o pescoço, os cabelos. Arruma e acerta o melhor ângulo e luz. Não confessa a carícia no toque, mas a outra percebe e leva a mão à sua cintura desnuda. Ela se deixa conduzir e sente aquela boca feminina na sua barriga.

Amante da Lua

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Alta noite, sem sono, desço ao jardim do hotel. Caminho lentamente e sinto uma brisa boa que vem da lua. Fecho os olhos e a sinto por todo meu corpo, que, coberto só com um vestido de seda, parece flutuar, leve e solto. A brisa invade-me inteira. E, assim, parada, luz só da lua, que me ama como nunca. Sinto-me confidente dela, nós duas nuas de frente uma pra outra. Sim, nuas. Tiro o vestido, levanto os braços, fecho os olhos e giro, giro, sinto um êxtase pelo corpo, uma liberdade. Sinto-me mulher, como nunca me senti. Minutos depois, olhos acostumados à escuridão, percebo um corpo deitado no gramado. É um homem. Está nu? Coloco o vestido e fico ali, parada, observando aquele corpo, deitado, braços e pernas abertas, amando a mesma lua que eu. Eu, a lua, e o desconhecido. Sinto-me a verdadeira maluca, não resisto, me aproximo e percebo que não está nu, usa um calção. Deixo que me veja, enquanto passo quase do seu lado, fingindo olhos fechados, braços abertos, e me ajoelho à su

Novo Ontem

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Dez anos se passaram Mas parecia ontem Há dez anos vivia com o mesmo ontem Eu não me lembrava mais dele Sim, eu me lembrava Esquecera seu cheiro Sua força, a mesma de dez anos E ainda sentia suas mãos As que me pegaram pela primeira vez A força da puxada A primeira, que se fez única Dez anos e eu me esquecera E sempre que me sentia puxada Sempre que sentia mãos e força Era dele que me lembrava Sempre que alguém me entrava Sentia ele dentro de mim Do meu único primeiro Inesquecível momento mulher Ontem, no bar, quando o vi, duvidei Pouco nos falamos Bebida, olhar, pele se procurando Quarto de hotel Mesmas mãos já esquecidas Mesmo cheiro que não sai de mim Mesma força e jeito ao me puxar Ao criar espaço, entrar e ficar Novo momento Novamente inesquecível Novo ontem na minha vida

Espelho

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No banheiro ela me olhou Enquanto arrumava minha blusa Ajeitava o sutiã No espelho, a vi me observando. Só passava meu batom E, enquanto ajeitava meu cabelo, Ela estava comigo na imagem Fitando meus olhos refletidos Ao arrumar a calça, de lado, Não tive a intenção Só levantei o vestido o suficiente Só para acertar a calcinha Não foi por querer que fiquei de costas pra ela E assim, de costas uma pra outra, Perfis refletidos Primeira e única palavra Simultânea - Linda! Simultâneos sorrisos encabulados Respiração sincronizada Inevitável virarem, ao mesmo tempo, Olho no olho, boca imperceptivelmente entreaberta, Incontrolável beijo E beijo e beijo e beijo A de calça saiu apressada e nervosa Esqueceu o batom na boca que não tinha