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Mostrando postagens de outubro, 2011

Poesia no Corpo

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Quando aceitei a brincadeira não imaginei que iria tão longe. Ele me conduziu até seu escritório, colocou um banco alto próximo à sua escrivaninha, e começou a se preparar. De uma gaveta, um pequeno pote de tinta preta, nanquim. Também pegou um tecido que parecia ter sido branco, mas estava manchado com várias marcas de tinta. De outra gaveta tirou uma pena. Era uma pena vermelha, de um vermelho forte, quase vinho. Como um cirurgião, ele preparou seu equipamento, com calma e precisão. Enquanto abria o pote de tinta, seus olhos não saíram dos meus. Pousou o pote no ponto exato, onde ele devia estar. Ao lado, desdobrou o pano e colocou a pena sobre ele. Antes de começar, ele saiu do escritório. Voltou pouco tempo depois com uma taça de vinho e me entregou, a anestesia da cirurgia, creio. Pegou minha mão esquerda e a apoiou na sua. Com movimentos precisos e calmos, com uma só mão, ele pegou a pena, molhou na tinta, limpou o excesso, e começou. Senti o primeiro toque da ponta pena n