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Mostrando postagens de 2009

Amante da Lua

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Alta noite, sem sono, desço ao jardim do hotel. Caminho lentamente e sinto uma brisa boa que vem da lua. Fecho os olhos e a sinto por todo meu corpo, que, coberto só com um vestido de seda, parece flutuar, leve e solto. A brisa invade-me inteira. E, assim, parada, luz só da lua, que me ama como nunca. Sinto-me confidente dela, nós duas nuas de frente uma pra outra. Sim, nuas. Tiro o vestido, levanto os braços, fecho os olhos e giro, giro, sinto um êxtase pelo corpo, uma liberdade. Sinto-me mulher, como nunca me senti. Minutos depois, olhos acostumados à escuridão, percebo um corpo deitado no gramado. É um homem. Está nu? Coloco o vestido e fico ali, parada, observando aquele corpo, deitado, braços e pernas abertas, amando a mesma lua que eu. Eu, a lua, e o desconhecido. Sinto-me a verdadeira maluca, não resisto, me aproximo e percebo que não está nu, usa um calção. Deixo que me veja, enquanto passo quase do seu lado, fingindo olhos fechados, braços abertos, e me ajoelho à su

Novo Ontem

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Dez anos se passaram Mas parecia ontem Há dez anos vivia com o mesmo ontem Eu não me lembrava mais dele Sim, eu me lembrava Esquecera seu cheiro Sua força, a mesma de dez anos E ainda sentia suas mãos As que me pegaram pela primeira vez A força da puxada A primeira, que se fez única Dez anos e eu me esquecera E sempre que me sentia puxada Sempre que sentia mãos e força Era dele que me lembrava Sempre que alguém me entrava Sentia ele dentro de mim Do meu único primeiro Inesquecível momento mulher Ontem, no bar, quando o vi, duvidei Pouco nos falamos Bebida, olhar, pele se procurando Quarto de hotel Mesmas mãos já esquecidas Mesmo cheiro que não sai de mim Mesma força e jeito ao me puxar Ao criar espaço, entrar e ficar Novo momento Novamente inesquecível Novo ontem na minha vida

Espelho

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No banheiro ela me olhou Enquanto arrumava minha blusa Ajeitava o sutiã No espelho, a vi me observando. Só passava meu batom E, enquanto ajeitava meu cabelo, Ela estava comigo na imagem Fitando meus olhos refletidos Ao arrumar a calça, de lado, Não tive a intenção Só levantei o vestido o suficiente Só para acertar a calcinha Não foi por querer que fiquei de costas pra ela E assim, de costas uma pra outra, Perfis refletidos Primeira e única palavra Simultânea - Linda! Simultâneos sorrisos encabulados Respiração sincronizada Inevitável virarem, ao mesmo tempo, Olho no olho, boca imperceptivelmente entreaberta, Incontrolável beijo E beijo e beijo e beijo A de calça saiu apressada e nervosa Esqueceu o batom na boca que não tinha

Múltipla

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Quando me vejo ali  Não sei se sou eu  Não sei quem são  Mas sinto vida  Como nunca senti   Escorre por meu corpo  Suores e líquidos  Cheiros e perfumes  De toda sorte  De todo gênero  E sou uma com todos   Sinto bocas e mãos  E não me sinto mais  Nada é pecado  Nada é errado   Já não penso  Ajo por extinto  Que não sabia possuir  E possuo e sou possuída  Sou toda energia  Pulso, ardo  E nem sei quem sou   Só sei que o que vem  E o que sai  O que entra por onde entrar  Tudo, hoje, faz parte de mim    E vou sem pensar  No cheiro, no tato  Sem hesitação  Quero mais e mais  Instinto, gozo e prazer  E nem quero saber de fim

Tua Pele

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Tua pele ainda está aqui Sinto tuas costas Sinto teu pescoço E o cheiro de teus cabelos Que não sai de mim A textura de tua barriga Na palma das minhas mãos Quando fecho os olhos Vejo-te novamente Em cima da cama Lembro de cada curva De cada extremidade Cada osso sendo tocado Sua cor branca Suavidade A temperatura de seu corpo Dentro e fora E teus sabores Sinto teus toques Teus beijos Tuas mãos Por todo meu corpo E sonho Vinho branco na boca E brindo ao nosso encontro

Ponto a Ponto

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Ponto a ponto E com a boca Testa e fecha os olhos Sinto os supercílios Sinto as pálpebras E as beijo Vira Nuca Atrás das orelhas Pescoço Desço aos ombros Coluna Vértebra por vértebra Beijo por beijo E devagar Até o quadril Agora vem dos pés Dedo a dedo Na boca Tornozelo e calcanhar Canelas e coxas E coxas e bunda E perco a massagem Perco-me em ti Não resisto Dentro e fora Boca e beijos E língua E meios Dentro e fora A massagear Toda e todo corpo E beijos

Pôr-do-sol

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Fim de tarde Céu alaranjado Em frente ao rio E engulo seco Sol imenso começa a baixar E percebo a respiração alterada Reflexo no rio forma outro Perpendicular rio Especial, efêmero, de luz E sinto os seios Conforme baixa troca de cores Inúmeras vezes troca de cores E meu corpo é todo arrepios Frente ao sol que baixa Frente ao rio de luz Direto, em minha direção E ali, parada, receptiva Boca seca Mamilos explodem Febre sobe e desce no corpo E sou inteira do sol Que me ama forte Até seu último raio E some dentro do rio Dentro de mim some Resta-me o céu cor-de-rosa Que contemplo em todas suas cores Até escurecer Dentro de mim

Tântrica

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Toque Pele Desliza de leve Ponto a ponto Desliza para fluir E assim por todo corpo Todo Toque e deslize Devagar Ao contrário do imaginado A excitação só aumenta A cada contato A cada minuto a mais A cada pêlo reconhecido entre os dedos Sem pudor e sem pressa Às vezes com mais força Outras, mal encosta E a energia flui O amor se espalha Todo corpo se torna erógeno Não sei se melhor é dar ou receber